Por Elisa Possebon
É muito comum a má postura. Sem perceber, adotamos posições inadequadas que ocorrem na escola, em casa e até mesmo nos momentos de lazer.
No cotidiano observamos com frequência a “postura do celular”, caracterizada pela inclinação do corpo, mantendo ombros e a cabeça projetada para frente – o que tende a afetar a região cervical e a curva natural do pescoço. Em espaços onde a pessoa precisa permanecer sentada durante muito tempo, como na escola, a “postura do escritório” é comum: sem nenhum apoio na região lombar, os ombros se inclinam para frente e a cabeça fica a maior parte do tempo para baixo.
Não será exagero afirmar que a escola ensina a má postura: ficamos muito tempo sentados, na mesma posição, provocando uma série de consequências ruins para o corpo: as articulações e os músculos ficam enrijecidos e os movimentos ficam tensos. Os tecidos se retraem porque o corpo não é trabalhado. Isso acontece porque, se o corpo ficar muito tempo sem movimento, a tendência é de os tecidos se retraírem, causando dor na região lombar, nas costas, nos ombros ou pescoço.
É importante destacar que a má postura afeta a aparência e as relações interpessoais pois ela comunica uma imagem de insegurança, timidez, descuido e ausência de confiança. Além disso, a maneira como nos expressamos corporalmente mostra como nos sentimos – isso ocorre porque o agir e o sentir não são aspectos isolados. E por incrível que pareça, o ato respiratório está intimamente vinculado a esses dois domínios – o visceral e o locomotor -, influenciando nossas ações e nossas emoções.
Neste sentido, a escola precisa aprender que é co-responsável por esse processo de adoecimento e que deve revertê-lo, criando oportunidades do/a aluno/a aprender uma boa postura, que seja saudável para si.
Educar o corpo para a postura correta traz muitos benefícios. Os músculos tensionados são relaxados e isso equilibra todo o corpo. Além disso, a sensação de cansaço diminui porque há um aumento de energia ao longo do dia, proporcionando um aumento na vitalidade.
No trabalho de Educação Emocional a boa postura é muito importante. E para trabalhar isso utilizamos, por exemplo, vários exercícios de respiração. Partimos do pressuposto de que a maneira como respiramos ajuda a manter a boa postura. Isso ocorre porque nos exercícios de respiração trabalhamos todo o sistema respiratório, envolvendo várias regiões do tronco. No entanto, para que a passagem do ar seja liberada plenamente, é preciso permanecer em uma postura ereta – ao inflar pulmões e diafragma, é possível perceber o melhor caminho do ar pelo organismo.
E lembramos o que já colocamos aqui: como o ato respiratório envolve o visceral e o locomotor, influenciando as ações e as emoções, ele é chave para o trabalho de Educação Emocional. Ele só produz o efeito desejado se for feito corretamente.
Os exercícios de respiração ajudam a manter a saúde do coração e a prevenir doenças cardiovasculares. Várias descobertas científicas indicam que determinados exercícios de respiração podem reduzir o estresse, inclusive interferindo positivamente no aumento da consciência corporal, na estabilização do sistema nervoso, na redução da pressão arterial, na melhoria da qualidade do sono e da digestão.
Além disso, o relaxamento proporcionado pelos exercícios de respiração aumenta a capacidade de concentração e a flexibilidade cognitiva, ocasionando, por conseguinte, uma qualidade maior na aprendizagem.
Para que os exercícios de respiração sejam bem feitos e alcancem resultados eficazes é absolutamente necessário ter uma postura corporal muito definida e bem feita. A boa postura é determinante para a qualidade do trabalho de Educação Emocional. Sendo assim, a forma de sentar para iniciar o exercício de respiração e a permanência na postura são aspectos indispensáveis e potencializadores dos benefícios do exercício.
Portanto, na Educação Emocional, a boa postura é uma forma de cuidar da dimensão física e da dimensão emocional. É possível que ao dar início aos exercícios de respiração os/as alunos/as não fiquem na postura correta. Porém, só falar e pedir talvez seja pouco para que ele/a possa aprender. O/A docente deve ser um exemplo, não só durante a aula, mas no cotidiano. E durante a aula, com delicadeza e sensibilidade, pode fazer correções pontuais, um/a a um/a. A gentileza é o fio que conduz à correção.