A ayahuasca é uma bebida natural de uso milenar pelas culturas indígenas da bacia amazônica. Há cerca de um século, a partir das regiões limítrofes da floresta, ela adentrou os espaços urbanos, sobretudo articulando-se com práticas religiosas, o que mantém seu vínculo com o ritualismo original. Não é isento de dificuldades esta apropriação cultural. Neste artigo analisamos um conjunto de relatos de usuários, os quais responsabilizam a bebida por transtornos mentais, e de outras naturezas, a que vieram desenvolver, após a sua ingestão. Estes relatos fazem parte de uma campanha, encabeçada pela atriz Brita Brazil. Inicialmente apresentamos a ayahuasca, em seguida seu estatuto jurídico, pois lhe é imputada a classificação de ser um entorpecente. Investigamos o mundo dos usuários, tradicionais e modernos, para contextualizar os relatos selecionados para análise. Em nossa interpretação, os problemas advindos da ayahuasca decorrem do desconhecimento de suas propriedades, fazendo então que o seu caráter medicamentoso, reconhecido mesmo pela Psiquiatria, se transforme em veneno. Trata-se de uma pesquisa de revisão bibliográfica, que pretende contribuir para o debate sobre as potencialidades terapêuticas das substâncias tradicionais. Link:.