Por Elisa Gonsalves Possebon
Toda sociedade é emocional. Tudo o que mobiliza e gera uma ação é decorrente de uma emoção. A nossa capacidade de indignação, de solidariedade, a coragem para contestar, a determinação para se posicionar, tudo isso nasce no campo da emoção. É a emoção que define a disponibilidade do sujeito para atuar.
A Educação Emocional implica o conhecimento e o autoconhecimento de questões pertinentes ao universo emocional, além da aquisição de conhecimentos e habilidades que poderão proporcionar a consciência e a modulação das ações, de forma que o indivíduo possa aprender a sentir e a agir no sentido de proporcionar bem-estar. Nesses termos, para se educar emocionalmente é preciso se libertar do estado de analfabetismo emocional e assumir uma nova condição cidadã, a de sujeito consciente do seu processo de empoderamento individual.
A Educação Emocional não propõe o controle, a manipulação ou a repressão das emoções. Ela propõe vivenciar a emoção para o próprio bem-estar, aceitando e compreendendo o que a emoção está informando, para desenvolver novas competências, agora voltadas para um conjunto de capacidades que permitem compreender, expressar e regular de forma apropriada os fenômenos emocionais, incluindo a consciência emocional, o controle da impulsividade, trabalho em equipe, cuidar de si mesmo e dos demais, etc.
Em termos de síntese podemos afirmar que a Educação Emocional é um processo de formação humana que envolve as dimensões física, vital, mental, emocional e espiritual do indivíduo, a partir da mobilização de diferentes emoções, tendo em vista a construção do bem viver – uma vida social assentada na solidariedade, na reciprocidade, na responsabilidade e na integralidade.
A Educação Emocional é um processo de formação humana que se dá ao longo da vida, que ocorre de forma integral, visando o bem-estar subjetivo. Isto significa que, por estarmos vivos, aprendemos a todo instante com as coisas que acontecem conosco, sendo agradáveis ou não, rápidas ou demoradas, em situações formais ou não. Este processo retrata as trajetórias individuais dos sujeitos, suas histórias, condições sociais e econômicas.
A Educação Emocional é também uma perspectiva de formação vivencial que alia a emoção e a cognição. Isto significa que é um novo paradigma, que reconhece que o processo de aprendizagem humana, na sua integralidade e unidade, e compreende que a questão da emoção já integra as questões escolares, mas de forma oculta.
Enquanto fenômeno cultural, a Educação Emocional produz sentidos pois cria linguagens, formas de relação, símbolos e signos, constitui práticas e valores. As emoções participam do processo de significar os acontecimentos na linha do tempo (passado, presente e futuro), e no espaço (o sentido do próximo e do distante, do grande e do pequeno, do visível e do invisível).
A Educação Emocional é um processo de ação consciente. Isso significa que implica o conhecimento e o autoconhecimento de questões pertinentes ao universo emocional, além da aquisição de conhecimentos e habilidades que poderão proporcionar a consciência e a modulação das ações, de forma a aprender sentir e a agir no sentido de proporcionar bem-estar.
Essa é a nossa perspectiva de EE: um processo de formação humana vivencial orientada para que o indivíduo possa alcançar, mediante aprendizagens vitais (que favorecem a aquisição de competências que estruturam a vida interior do sujeito), o desenvolvimento de um conjunto de capacidades afetivas, como escutar, elogiar, qualificar, cuidar.