Por Elisa Gonsalves Possebon
A Educação Emocional está orientada metodologicamente para aprendizagens vitais, isto é, para aprender a viver, a ser feliz e a vincular-se afetivamente. Nesses termos, defende-se a urgência de se educar pessoas para um novo modo de ser diante de si mesmos, de seus semelhantes e junto à natureza. Não se trata, portanto, de cultivar só o intelecto, mas essencialmente o desenvolvimento da afetividade. Para alcançar este objetivo é necessário que as crianças aprendam a vivenciar, isto é, a sentir com intensidade, aqui e agora, sua experiência com a vida.
Nesta perspectiva, não se trata de “dar aula” ou de “assistir aula” para uma classe. O momento dedicado à Educação Emocional se apresenta como um espaço de vivências educativas, criando espaços pedagógicos para vivenciar experiências de vida, que toquem o coração das pessoas para que a aprendizagem possa acontecer. Transformar uma aula em uma vivência pedagógica significa oferecer ao aluno a possibilidade aprender na sua corporeidade, mobilizando todos os seus sentidos para acolher, individual e singularmente, o que é proposto. O conhecimento não é a matéria principal; o mais importante é a criação de momentos na escola em que o aluno possa aprender vivencialmente, para depois elaborar cognitivamente.
A vivência pedagógica emocional é, portanto, um encontro feliz através do qual as atividades escolares são saboreadas de forma alegre, com satisfação e com respeito e amor. Indica um novo processo de aprendizagem, que tem como prioridade a educação afetiva. Cabe à escola colaborar com as crianças e adolescentes nos processos individuais de descoberta das suas próprias pautas internas, para que elas possam exercer a sua cidadania de forma vigorosa e afetiva, para que possam ser felizes. Este é o sentido maior do encontro entre professores e alunos: celebrar a vida!
O aspecto vivencial diz respeito à intensidade da experiência com a vida. Ele é a base para o desenvolvimento de um novo ser humano capaz de vincular-se e manter relações de amor por si, pelo outro e pela natureza, com o desenvolvimento da inteligência afetiva, tal como é proposta por Rolando Toro. A Educação Emocional, para adquirir um potencial transformador, precisa se realizar através da vivência, sem a qual ficará limitada à cognição.
Assim, propomos a realização de um trabalho de Educação Emocional para além de uma relação de causa e efeito: o Ser é uma completude, uma totalidade cujas partes se integram e estão implicadas, daí a impossibilidade de isolar um aspecto e trabalhar nele separadamente. Neste sentido, não basta “saber” sobre gratidão ou sobre altruísmo; é preciso vivenciar para abrir o portal do “sentir” para construir práticas de Educação Emocional transformadoras.
É justamente o caráter vivencial que remete para o pressuposto da integralidade. Ao vivenciar o aqui e o agora pleno de significados afetivos, o indivíduo é tocado em suas diferentes dimensões física, vital, mental, emocional, espiritual. O ser humano é uma inteireza e qualquer dimensão sua necessariamente afeta as demais pois estão implicadas e influenciando-se mutuamente.
Para compor o conjunto de atividades foi necessário dialogar com diferentes práticas integrativas e complementares (ex: yoga, meditação, biodanza, aromaterapia, cromoterapia, reflexologia podal) para que a Educação Emocional, tal como pensamos, pudesse ser estruturada. Neste sentido, não se encontrará a seguir um conjunto linear e cognitivista de exercícios para atingir uma determinada emoção, sobretudo porque se trata de uma impossibilidade – o trabalho da Educação Emocional é inespecífico e complexo, atingindo um conjunto de emoções e de dimensões do Ser que se entrelaçam e se influenciam mutuamente.
Recomenda-se que cada docente faça as adaptações necessárias, pois elas sempre serão bem vindas. Além disso, é importante que as sessões aqui expostas possam servir de inspiração para que os docentes possam criar novas propostas.