Por Elisa Possebon

Emoção “pega”? Parece incrível mas emoção “pega” sim.

Sem que possamos nos dar conta, ao ouvir alguém contar uma história triste, de forma inconsciente nossos ombros ficam decaídos, nossas sobrancelhas ficam franzidas como a do nosso interlocutor. Essa mudança corporal acontece porque “mapeamos” o outro e o imitamos. E isso também acontece com a alegria e com outras emoções.

Esse tipo de comportamento é muito fácil de ser identificado quando se trata do riso: quando as pessoas que nos rodeiam estão rindo, é quase impossível não rir. O riso tem um enorme caráter contagiante. Outro exemplo muito conhecido é o bocejo, que facilmente provoca uma reação em cadeia.

À primeira vista, esse tipo de comportamento pode ser compreendido como resultado da observação de uma pessoa sobre a outra. Neste sentido, seria resultado da percepção do estado emocional do outro. Mas existem outros fatores que envolvem esse fenômeno tão complexo.

Uma questão interessante é que esse fenômeno não envolve apenas seres humanos. Ele já foi detectado em vários animais: chimpanzés que rapidamente se juntam em risadas, cavalos e leões que bocejam de forma involuntária apenas vendo o seu semelhante bocejar.

Observar o comportamento do outro cria uma correspondência. No entanto, não se engane: o contágio reflete o poder da sincronização inconsciente. Isso significa que não é apenas um dado observacional. Um imita porque traz dentro de si, inscrito profundamente na espécie, o poder se identificar com aquele comportamento. Em outras palavras, imitamos o comportamento do outro porque ele se tornou nosso também.

Existe nesta discussão o que cientificamente se chama ressonância neuronal e neurônios-espelho. A descoberta de que possuímos células especiais no cérebro que imitam o comportamento do outro de forma “automática” tem sido objeto de muitas investigações científicas.

Um dado importante, para pensar: a identificação é um elemento essencial, uma précondição para que o contágio se desenvolva. Uma pessoa se contagia emocionalmente quando se identifica biológica, cultural ou afetivamente. Pense nisso.